Como funciona a internet – Entenda de uma vez por todas

Sep 24 / Paulo Oliveira

Por mais que a internet esteja presente e faça parte do nosso dia a dia há mais de vinte anos, poucas pessoas realmente sabem como funciona a internet. Compreender esse processo é fundamental para entender os riscos que encontramos nesse vasto ambiente digital.

Na prática, tudo se torna mais fácil de ser compreendido quando há um entendimento completo sobre o funcionamento da internet. Entender como acontece o rápido processo de transmissão de dados é uma das curiosidades mais importantes para gestores de redes e para qualquer pessoa que utilize a internet no seu cotidiano.

Justamente por isso, hoje a Escola Linux decidiu responder a essa curiosidade e explicar de forma clara e objetiva como funciona a internet. Então, se você deseja saber mais sobre esse tema fascinante, continue a leitura!

O que é a internet?

A internet nada mais é do que um ambiente compartilhado de acesso público e ilimitado, que conta com uma infraestrutura de telecomunicação homogênea, dedicada à criação de uma rede de computadores mundial. Essa rede conecta bilhões de dispositivos ao redor do planeta, permitindo a troca de informações em tempo real.

Embora a teoria possa parecer complicada, você pode entender que a internet funciona como um espaço público onde qualquer pessoa é livre para criar, disponibilizar e armazenar conteúdos. Essa liberdade é uma das características mais marcantes da internet, permitindo que vozes diversas sejam ouvidas e que informações sejam compartilhadas de maneira rápida e eficiente.

Assim, este ambiente, até então democratizado, solicita apenas alguns requisitos básicos, são eles: um dispositivo, como tablets, celulares, notebooks e PCs; um software compatível com a internet; e uma conexão junto a um provedor de acesso à internet, que é responsável por distribuir os sinais da rede mundial.

E por se tratar de um ambiente virtual democratizado, esses requisitos servem para todo tipo de pessoa ou empresa. Portanto, qualquer usuário que acesse a internet deve, obrigatoriamente, cumprir as regras acima. Isso garante que todos tenham a oportunidade de participar desse espaço, independentemente de sua localização ou condição social.

De onde surgiu a internet?

Para entender como funciona a internet, é prudente voltar um pouco para as suas origens. Durante a década de 60, o período da Guerra Fria provocou uma busca por conexões mais efetivas de comunicação. Com isso, o Departamento de Defesa Americano e a Agência de Desenvolvimentos de Projetos Avançados (ARPA) criaram uma rede de computadores dedicada à transmissão de mensagens sem interferência de países inimigos. Essa rede inicial, chamada ARPANET, foi o embrião do que conhecemos hoje como internet.

Mapa conceitual da Arpanet nos EUA nos anos de 1969 e 1982


Com o passar dos anos, a ARPANET evoluiu e se expandiu, incorporando novas tecnologias e protocolos que permitiram a interconexão de diferentes redes. Isso resultou em um crescimento exponencial da internet, que se tornou uma ferramenta essencial para a comunicação, educação, entretenimento e negócios.

Hoje, a internet é uma rede global que conecta milhões de pessoas e dispositivos, permitindo a troca de informações em uma velocidade impressionante. Essa velocidade da internet é um dos fatores que a tornam tão atraente e indispensável em nossas vidas. A capacidade de acessar informações instantaneamente, comunicar-se com pessoas ao redor do mundo e realizar transações financeiras em tempo real são apenas algumas das vantagens que a internet oferece.

Como funciona a internet?

A internet é uma vasta rede de computadores interconectados que permite a troca de informações entre dispositivos ao redor do mundo. Imagine um imenso sistema de rodovias digitais, onde os dados são transmitidos de um ponto a outro. Quando você acessa um site ou envia uma mensagem, o que acontece nos bastidores é o envio de dados do seu dispositivo para outro computador, conhecido como servidor, que responde enviando as informações de volta.

Essa comunicação é possível graças a uma série de protocolos que determinam como os dados devem ser organizados, enviados e recebidos, garantindo que a troca ocorra de forma eficiente e segura. Sem essas regras, os computadores não conseguiriam entender ou processar as informações uns dos outros. Nos bastidores da internet, existe uma infraestrutura poderosa que sustenta toda essa comunicação, dividindo os dados em partes menores e encaminhando-os pelo caminho mais eficiente até o destino.

Como a internet troca informações?

Quando você acessa um site ou envia uma mensagem, o que está acontecendo é que seu computador está pedindo informações a outro computador. Esse processo não acontece de uma só vez. Ao invés de enviar tudo de uma vez, a informação é dividida em pequenos pedaços, chamados de pacotes de dados. Esses pacotes são como blocos que contêm partes da mensagem completa. Eles são enviados pelo caminho mais eficiente que a internet pode encontrar naquele momento.

Representação de como funciona a comutação de pacotes


Esse processo de dividir e enviar as informações de forma "picada" se chama comutação de pacotes (ou packet switching, em inglês). Essa técnica foi revolucionária porque permitiu que os pacotes seguissem rotas diferentes para chegar ao destino. No final, todos os pacotes são reunidos e a informação original é reconstruída.

Por que isso é importante?

Esse método de envio é eficiente e seguro, porque se um pacote se perder ou um caminho na rede ficar indisponível, a mensagem ainda pode chegar ao destino por outro caminho. Isso foi essencial para a criação da internet como a conhecemos, já que permitiu que a rede fosse resistente a falhas. Mesmo que um computador ou uma parte da rede estivesse fora do ar, os outros continuariam funcionando e trocando informações.

Qual foi o papel das linhas telefônicas?

Se você se lembra da época em que a internet começou a se popularizar, provavelmente ainda tem na cabeça o som característico da conexão discada. Antes da fibra óptica e das redes de alta velocidade, as linhas telefônicas eram o principal meio para conectar computadores à internet. E quem viveu essa fase sabe muito bem como a conexão era lenta e instável – qualquer ligação recebida ou feita interrompia a internet.

Mas como essas linhas, originalmente projetadas para transmitir voz, conseguiram transportar dados de rede? A resposta está na modulação. As linhas telefônicas transformavam os sinais digitais (usados pelos computadores) em sinais analógicos, que podiam ser transmitidos pela rede telefônica. Depois, do outro lado, esses sinais eram convertidos de volta em dados digitais que os computadores podiam interpretar. Embora esse processo fosse bastante inovador para a época, ele também resultava em uma conexão limitada, já que as linhas telefônicas não tinham sido projetadas para lidar com a grande quantidade de dados que a internet moderna exige.

Naquela época, os dados da internet eram enviados em pequenos pacotes, o que permitia que as informações trafegassem pelas linhas telefônicas de forma mais eficiente. Esses pacotes viajavam por diferentes rotas até chegarem ao destino final, o que ainda acontece hoje, só que de maneira muito mais rápida graças às tecnologias modernas.

Apesar da lentidão e das limitações, as linhas telefônicas desempenharam um papel fundamental na história da internet. Elas foram o primeiro passo para uma comunicação digital em massa, e sem elas, as redes de alta velocidade de hoje talvez demorassem muito mais para chegar até nós.

Mas e o TCP/IP?

Agora que já entendemos a ideia básica de como a internet permite a comunicação entre computadores, é hora de falar sobre o que realmente faz tudo isso acontecer de forma tão eficiente. Essa troca de informações não seria possível sem um conjunto de protocolos que define como os dados devem ser enviados, recebidos e interpretados. Esses protocolos são conhecidos como TCP/IP, e eles são componentes base da internet moderna, garantindo que toda essa comunicação funcione de maneira rápida, confiável e segura.

Primeiro, temos o Protocolo IP (Internet Protocol). Ele funciona como um organizador, dividindo as informações em pequenos pacotes, cada um contendo uma parte do dado completo. O IP é responsável por atribuir um endereço IP único a cada dispositivo na rede.Imagine que você está acessando um site: o IP divide os dados em pacotes e faz com que eles sejam enviados pela rede, garantindo que cada um encontre o caminho até o computador que solicitou essas informações.

Mas não é só o IP que faz esse trabalho. O Protocolo TCP (Transmission Control Protocol) também desempenha um papel fundamental. Ele é como o "guardião" da comunicação, responsável por garantir que todos os pacotes cheguem ao destino final de forma correta e na ordem certa. Caso algum pacote se perca no caminho, o TCP identifica o problema e pede que o pacote seja reenviado, evitando que você receba uma página da internet incompleta ou com erros.

Um diagrama de como o modelo TCP/IP divide os dados em pacotes e os envia por 4 camadas diferentes.


O modelo TCP/IP funciona porque todo o processo é padronizado. Sem padronização, a comunicação seria confusa e lenta, e o serviço rápido de internet depende da eficiência. Essa parceria entre o IP e o TCP é o que permite que a internet funcione de maneira tão harmoniosa. Enquanto um divide e envia os dados, o outro assegura que tudo chegue como deveria, tornando a comunicação rápida, eficiente e, o mais importante, confiável. Como padrão global, o modelo TCP/IP é uma das formas mais eficientes de transferência de arquivos pela internet.

Fundamentos Técnicos do TCP/IP em comparação ao Modelo OSI

Agora que chegou até aqui, vamos explorar a parte mais técnica do conteúdo para entender como as camadas que compõem o TCP/IP trabalham juntas para garantir a integridade e eficiência da troca de dados. O TCP/IP, ao ser comparado com o Modelo OSI (Open Systems Interconnection), destaca-se pela sua organização em quatro camadas:

1. Camada de Aplicação: Aqui estão os protocolos que interagem diretamente com os aplicativos, como HTTP para navegação na web, SMTP para e-mail, FTP para transferência de arquivos, etc. Essa camada lida com a comunicação processo-a-processo, desempenhando um papel semelhante às camadas de aplicação, apresentação e sessão no Modelo OSI.

2. Camada de Transporte: Essa camada fornece serviços de comunicação de dados fim-a-fim, garantindo a entrega de dados confiável e ordenada. O principal protocolo aqui é o TCP, que estabelece uma conexão usando o handshake de três vias e controla o fluxo de dados, equivalente à camada de transporte no Modelo OSI.

3. Camada de Internet: Aqui, o principal protocolo é o IP, responsável por endereçar e rotear pacotes de dados entre redes. Ele fragmenta os dados da camada de transporte em pacotes e os envia pela rede, correspondendo à camada de rede no Modelo OSI.

4. Camada de Enlace ou Acesso a Rede: Essa camada lida com a comunicação entre dispositivos diretamente conectados. Ela define como os dados são formatados para transmissão e como o acesso ao meio físico é controlado. No Modelo OSI, esta camada seria uma combinação das camadas de enlace de dados e física.

Em comparação com o modelo OSI de sete camadas, o TCP/IP combina as camadas de apresentação e sessão na camada de aplicação, e a camada física na camada de enlace, como ilustrado na imagem abaixo. Essa simplificação torna o TCP/IP mais eficiente e fácil de implementar.

Comparação entre o Modelo TCP/IP e o Modelo OSI


O Modelo OSI de sete camadas separa funcionalidades específicas de rede em diferentes camadas, enquanto o TCP/IP combina algumas dessas camadas para criar um modelo mais simples e eficiente. Por exemplo, o Modelo OSI separa as camadas de apresentação e sessão, enquanto o TCP/IP as incorpora diretamente na camada de aplicação. Da mesma forma, a camada física do Modelo OSI é combinada com a camada de enlace no modelo TCP/IP.

Em termos de desempenho, o TCP/IP oferece vantagens como velocidade de transmissão e confiabilidade na comunicação, garantindo que os dados sejam entregues sem erros e na ordem correta. Ele também é escalável e compatível com uma ampla gama de hardwares e sistemas operacionais, tornando-se a base para redes de todos os tamanhos, desde pequenas redes locais até a internet global.

A velocidade de transmissão e a confiabilidade na comunicação são duas das principais vantagens do TCP/IP. Ele garante que os dados sejam entregues sem erros e na ordem correta, mesmo em redes de computadores complexas e de longa distância.

Além disso, o TCP/IP é altamente escalável e pode ser usado em redes de qualquer tamanho, desde pequenas redes locais até a internet global. Ele também é compatível com uma ampla variedade de hardware e sistemas operacionais.

Em resumo, o TCP/IP é a espinha dorsal da comunicação na internet moderna. Seu design em camadas, protocolos eficientes e recursos de segurança o tornam essencial para a comunicação entre dispositivos em redes de computadores de todos os tamanhos. 

Se você entendeu o funcionamento do Modelo OSI e do TCP/IP, você deu o primeiro passo para se tornar um gestor de redes ou trabalhar diretamente com redes e ramificações da mesma, leia outros conteúdos (ou baixe tal curso, por aí vai, CTA para alguma coisa interessante que mantenha o leitor no site da EL).

Se você chegou até aqui e entendeu o funcionamento do Modelo OSI e do TCP/IP, já deu o primeiro passo rumo a uma carreira em redes, seja como gestor de redes ou atuando em outras áreas relacionadas. Para aprofundar seus conhecimentos, recomendamos dar uma olhada na nossa página de cursos onde temos vários conteúdos que cobrem aspectos práticos e teóricos de redes. Além disso, explore o E-book Certificação LPI para expandir seus horizontes com certificações reconhecidas no mercado.

Fique por dentro das novidades se inscrevendo em nossa newsletter 

Muito Obrigado!

Autor do artigo

Paulo Henrique Oliveira

CEO da Linux Solutions, Networker e Millionaire Givers na BNI Brasil - Fiduciam RJ
Sobre mim
Mestre e Bacharel em Informática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Ibmec, com ampla experiência empresarial e liderança. Especialista em Linux e CEO da Linux Solutions, referência em soluções open source para seu negócio.
Criado com